Planta aquática submersa de cor verde escura, pouco ramificada, com folhas pequenas alternas e curvadas para baixo e mais juntas perto do ápice. Forma “tufos” no fundo da água, podendo crescer até 6 metros, formando “tapetes” flutuantes junto da superfície.
Nome científico: Lagarosiphon major (Ridley) Moss
Nome vulgar: elódea-africana
Família: Hydrocharitaceae
Estatuto em Portugal:integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) e a Lista de Espécies Exóticas Invasoras que suscitam preocupação na União Europeia (Reg. UE 1143/2014, de 22 de outubro).
Nível de risco: (em desenvolvimento)
Sinonímia: Lagarosiphon muscoides var. major Ridl. Muitas vezes é vendido sob o nome de Elodea crispa, embora este nome científico não exista.
Data de atualização: 04/09/2023
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Como reconhecer
Planta aquática submersa de cor verde escura, pouco ramificada, com folhas pequenas alternas e curvadas para baixo e mais juntas perto do ápice. Forma “tufos” no fundo da água, podendo crescer até 6 metros, formando “tapetes” flutuantes junto da superfície.
Caule: quebradiço e pouco ramificado pode crescer mais de 6 m de comprimento e curva como um “J” em direção à base. Tem raízes adventícias e rizomas que fixam a planta ao substrato.
Folhas: verde-escuras, pontiagudas e finamente dentadas, com 5-20 x 2-3 mm, dispostas de forma alterna (1 por nó), em espiral, em torno do caule e geralmente são curvadas para baixo em direção ao caule, (ainda que em águas alcalinas, possam ser retas). Geralmente apresentam-se mais juntas na proximidade do ápice.
Flores: as flores femininas são muito pequenas, com três pétalas transparentes, brancas ou rosadas e situam-se acima da superfície, presas a um fino e longo pedúnculo filamentoso.
Fora da sua área nativa, apenas plantas femininas são conhecidas, mas na África do Sul, de onde é originária, as plantas masculinas produzem flores que se soltam da planta, flutuando livremente para dispersar o pólen.
Espécies semelhantes
Hydrilla verticillata, Egeria densa, Elodea canadensis e Elodea nutalli têm aparência muito semelhante a L. major. Podem distinguir-se através do número de folhas que se unem em cada nó o qual é frequentemente diferente; consulte a chave ilustrada para ver como se distinguem. Ou faça download do .PDF [aqui]
Características que facilitam a invasão
Embora não se reproduza sexualmente na Europa (não são conhecidas flores masculinas, frutos ou sementes fora da sua área de distribuição nativa), reproduz-se vegetativamente de forma eficaz, quer por expansão dos rizomas quer por fragmentação. Pequenos fragmentos podem ser transportados pela corrente nos rios e ser dispersados acidentalmente por barcos, artefactos de pesca ou outras atividades humanas e cada fragmento pode originar uma nova planta.
O facto de os animais herbívoros (como peixes, aves aquáticas, invertebrados, etc) geralmente preferirem as plantas nativas pode levar à eliminação progressiva destas em locais com presença de espécies exóticas oxigenadoras (e.g. Lagarosiphon major, Egeria densa e Elodea canadensis). Por isso é frequente que acabem por ficar apenas as espécies exóticas, formando comunidades monoespecíficas (com apenas uma espécie).
Área de distribuição nativa
África do Sul.
Distribuição em Portugal
Beira Litoral (Coimbra) e Algarve (Odeleite)
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Lagarosiphon major
Outros locais onde a espécie é invasora
Europa (Alemanha, Áustria, Espanha, França, Itália, Reino Unido e Suíça), Oceânia (Nova Zelândia).
Razão da introdução
A principal razão da sua introdução é o seu uso em aquáriofilia como planta ornamental e oxigenadora.
Ambientes preferenciais de invasão
Lagarosiphon major prefere habitats de água doce parada ou com pouca corrente, com substratos lodosos ou arenosos. Ocorre tanto em ambientes oligotróficos como eutróficos e tem grande tolerância a águas com pH elevado. Prefere temperaturas entre 20ºC e 23ºC, mas aguenta bem o inverno e suporta temperaturas máximas de 25ºC (Kasselmann 1995). Ocorre apenas até 7 metros de profundidade por não suportar pressão superior, mas em habitats profundos pode formar tapetes flutuantes. Pode habitar charcos, lagos, barragens, reservatórios e rios e canais com pouca corrente.
Embora já se encontre introduzida, a sua dispersão em Portugal é ainda relativamente limitada.
Impactes nos ecossistemas
Pode criar densos tapetes flutuantes que chegam a atingir 2 a 3 metros de espessura e que pode causar vários impactos negativos ecológicos e económicos. Os tapetes densos flutantes impedem a passagem da luz e eliminando as plantas aquáticas nativas e afetando negativamente as populações de invertebrados e vertebrados aquáticos. Lagarosiphon major pode dificultar a navegação e limitar atividades recreativas como a natação ou a pesca, pode bloquear os sistemas de aproveitamento hidroelétrico, reduzir o valor estético e afectar negativamente a qualidade da água.
Tempestades podem fragmentar ou soltar tapetes flutuantes de Lagarosiphon e depositar largas massas de vegetação em decomposição nas praias, reduzindo os seu valor recreacional.
Lagarosiphon major é muito difícil de controlar. McGregor e Gourlay (2002) referem como principais métodos de controlo para esta espécie incluem a aplicação de herbicida, o controlo mecânico, a dragagem de sucção e a colocação de telas geotexteis anti-ervas. No entanto, todos estes métodos têm algumas desvantagens substanciais: o custo, a ineficácia no controlo a longo prazo e, para alguns, a questão dos efeitos ambientais adversos, tanto reais como percepcionados.
Controlo físico
O controlo físico pode ser feito, mas o risco de fragmentar e propagar a planta é grande. Alguns autores referem o corte e remoção das plantas e a aplicação de telas geotexteis anti-ervas, para prevenir a regeneração a partir dos rizomas.
Controlo químico
Na Nova Zelândia, é referido o uso do herbicida aquático Diquat como o único registado no país para o controlo de plantas aquáticas invasoras, no entanto pode ser ineficaz em determinadas condições ambientais. Após a aplicação de herbicidas com princípio activo Triclopyr (e Dichlobenil) apenas foram observados efeitos temporários no crescimento.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Controlo biológico
Alguns estudos foram feitos no sentido de identificar, entre os inimigos naturais desta planta, os possíveis agentes de controlo biológico específicos desta espécie. Uma mosca-mineira-das-folhas (Hydrellia lagarosiphon) é apontada como o agente de biocontrolo mais promissor e será testada em breve na Nova Zelândia.
Em Portugal ainda não há agentes de controlo biológico disponíveis para estas espécies.
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.
Consulte informação mais detalhada sobre Medidas e custos para prevenção, detecção precoce, erradicação rápida e gestão desta espécie, de acordo com os documentos técnicos de suporte ao Regulamento Europeu nº 1143/2014, elaborados pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) em colaboração com IUCN Invasive Species Specialist Group.
Baars JR, Coetzee JA, Martin G, Hill MP, Caffrey JM (2010) Natural enemies fromSouth Africa for biological control of Lagarosiphon major (Ridl.) Moss ex Wager (Hydrocharitaceae) in Europe. Hydrobiologia: 656 656:149–158
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Mangan R, Baars J-R (2012) Use of life table statistics and degree day values to predict the colonisation success of Hydrellia lagarosiphon Deeming (Diptera: Ephydridae), a leaf mining fly of Lagarosiphon major (Ridley) Moss (Hydrocharitaceae), in Ireland and the rest of Europe. Biological Control, 64: 143-151.
McGregor PG, Gourlay H (2002) Assessing the prospects for biological control of lagarosiphon (Lagarosiphon major (hydrocharitaceae)). DOC Science Integral Series 57. Department of Conservation, Wellington. 14p. Disponível: http://www.doc.govt.nz/documents/science-and-technical/DSIS57.pdf [Consultado 13/07/2017].
Martin GD, Coetzee J, Baars J-R (2013) Hydrellia lagarosiphon Deeming (Diptera: Ephydridae) a potential biological control agent for the submerged aquatic weed, Lagarosiphon major (Ridl.) Moss ex Wager (Hydrocharitaceae). African Entomology, 21: 151-160.
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