A erva-das-pampas (Cortaderia selloana) é uma gramínea perene que pode ultrapassar os 4m de altura e os 3m de diâmetro. As folhas planas têm a margem cortante e podem atingir perto de 2m de comprimento. As flores estão agrupadas formando tufos prateados ou ligeiramente rosados, conhecidos por plumas ou penachos. Cada pluma pode produzir milhares de sementes por ciclo reprodutivo. As plantas podem ser femininas ou hermafroditas e as flores provenientes das plantas femininas estão cobertas por pelos compridos que facilitam a sua dispersão a longas distâncias, tanto pelo vento, como aderindo a superfícies ásperas. Já as flores produzidas pelas plantas hermafroditas são desprovidas de pelos, diminuindo a sua capacidade de dispersão. Esta espécie também se reproduz vegetativamente, pois tem capacidade de regenerar após o corte ou fogo e de enraizar a partir de fragmentos da raíz que fiquem em contato com o solo. A floração ocorre no fim do verão, apesar de se observarem plantas a florir fora dessa época, e a dispersão das sementes ocorre principalmente no outono.
Nativa da América do Sul, especificamente do Chile e da zona das Pampas do Brasil, Argentina e Uruguai, a erva-da-pampas foi introduzida em vários países do mundo como planta ornamental, devido às suas plumas vistosas. Posteriormente acabou por escapar de cultura e invadiu diversos habitats humanizados e naturais. Na Europa é invasora nos países do Arco Atlântico, nomeadamente Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido, e ainda na Bélgica e Holanda, e em países do Mediterrânico, como a Itália e a Grécia, e em países da Europa Central, como a República Checa.
É uma espécie com poucas exigências ecológicas, altamente adaptável a diversos climas e habitats: tanto tolera secas como encharcamentos, solos pobres e com pouco substrato, alguma salinidade e geadas pontuais. Na primeira fase de estabelecimento, tem uma capacidade limitada para competir com outras espécies; contudo, quando atinge a maturidade adquire também uma elevada taxa de crescimento e de ocupação de espaço. É uma das primeiras espécies a colonizar terrenos degradados, como terrenos industriais, margens de estradas, vias ferroviárias, etc. Contudo, coloniza também espaços naturais de elevado valor ecológico, competindo com as espécies nativas. Cresce vigorosamente, formando aglomerados bastante densos, que funcionam como barreira à circulação da fauna, humanos incluídos. As folhas são cortantes, podendo causar feridas e as plumas podem causar alergias. A presença desta espécie aumenta ainda o risco de incêndios, pois as plumas e as plantas secas são altamente inflamáveis.
O projeto LIFE Stop Cortaderia surgiu da necessidade de reduzir o impacte da erva-das-pampas sobre os ecossistemas do Arco Atlântico, envolvendo os países mais a sul, nomeadamente Portugal, Espanha e França. Com a duração de 5 anos, divide-se essencialmente em dois tipos de ações:
- Ações a nível Transnacional – planificação e disseminação das metodologias e resultados no Arco Atlântico (em Portugal, Espanha e França)
- Criação de um grupo de trabalho com entidades Portuguesas, Espanholas e Francesas
- Definição de uma Estratégia de combate à erva-das-pampas no Arco Atlântico - lançada formalmente no dia 27 de novembro de 2020
- Desenvolvimento de cartografia regional em Portugal, Espanha e França
- Criação de Rede de Deteção Precoce e Resposta Rápida
- Formação de stakeholders
- Desenvolvimento de um Manual de Boas Práticas, em Português, Espanhol, Francês e Inglês - 1ª versão já disponível
- Colaboração dos cidadãos na deteção de indivíduos de erva-das-pampas, através de uma aplicação - já disponível
- Disseminação das ações do projeto no KIT Cortaderia
- Ações a nível Regional – trabalho prático de controlo e erradicação na Cantábria (em Espanha apenas)
- Todas as ações atrás mencionadas
- Desenvolvimento de cartografia detalhada na Cantábria, com foco nas áreas Rede Natura 2000
- Erradicação em áreas protegidas costeiras, Rede Natura 2000 e áreas com indivíduos dispersos ou isolados, a sul do território
- Controlo e avaliação de novas técnicas de gestão em áreas altamente afetadas pela erva-das-pampas (ex: utilização de solos técnicos e pastoreio equino e caprino para controlar populações de erva-das-pampas)
- Restauração dos habitats naturais
- As ações desenvolvidas na Cantábria têm carater demonstrativo, com o intuito de serem futuramente aplicadas ao resto do Arco Atlântico
Até ao momento, já foram desenvolvidas várias destas tarefas, nos países aderentes. A Estratégia Transnacional de Luta contra a Cortaderia foi lançada no dia 27 de novembro de 2020 e está atualmente a ser divulgada para recolha de entidades aderentes. Está também disponível uma App para telemóvel para que os cidadãos possam contribuir com avistamentos de erva-das-pampas (disponível aqui: http://stopcortaderia.org/appstopcortaderia/), à semelhança do que já se faz com a app das Invasoras.pt. Todos os anos são realizados Seminários e Reuniões do Grupo de Trabalho para partilha de conhecimentos. Está também a ser estudada a ecologia e morfologia reprodutiva da erva-das-pampas, ação que se encontra em desenvolvimento pela equipa da Escola Superior Agrária de Coimbra.
O LIFE Stop Cortaderia tem como parceiros duas entidades Portuguesas (Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra e Câmara Municipal de Gaia) e diversas Espanholas (sendo a AMICA a entidade Coordenadora), incluindo associações sociais que trabalham com pessoas com algumas incapacidades, lutando contra a exclusão social. São estas pessoas que trabalham no terreno, arrancando erva-das-pampas através de meios manuais e mecânicos.
Para saber muito mais sobre o projeto, pode aceder à página oficial do mesmo, assim como às páginas das redes sociais, aqui:
http://stopcortaderia.org/ (ou aceder diretamente à Estratégia e ao processo de adesão: http://stopcortaderia.org/language/pt/estrategia-pt/)
https://www.facebook.com/StopCortaderia/
