Árvore dióica de até 15 m, com ritidoma fendido longitudinalmente, tronco e ramos providos de espinhos robustos avermelhados, simples ou ramificados, e vagens grande que chegam a 45 cm.
Nome científico: Gleditsia triacanthos L.
Nome vulgar: espinheiro-da-Virgínia
Família: Fabaceae (Leguminosae).
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) .
Nível de risco: 19| Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.
Sinonímia: Acacia americana Stokes, Acacia inermis Steudel, Acacia laevis Steudel, Acacia triacanthos Gron., Caesalpiniodes triacanthum (L.) Kuntze, Gleditsia brachycarpa (Michaux) Pursh, Gleditsia bujotii Neumann, Gleditsia bujotii var. pendula Rehder, Gleditsia elegans Salisb., Gleditsia ferox var. nana Rehder, Gleditsia flava Steudel, Gleditsia heterophylla Raf., Gleditsia horrida Salisb., Gleditsia inermis L., Gleditsia inermis var. elegantissima Ch. Grosdemange., Gleditsia laevis G. Don, Gleditsia latifolia Lavallee, Gleditsia latisilique Steudel, Gleditsia meliloba Walter, Gleditsia micracantha Steudel, Gleditsia polysperma Stokes, Gleditsia sinensis var. nana Asch. & Graebner, Gleditsia sinensis var. nana Loudon, Gleditsia spinosa Marsh, Gleditsia triacanthos var. brachycarpos Michaux, Gleditsia triacanthos var. bujotii (Neumann) Rehder, Gleditsia triacanthos var. horrida Aiton, Gleditsia triacanthos var. inermis (L.) Castigl., Gleditsia triacanthos var. inermis Willd., Gleditsia triacanthos var. laevis Koch, Gleditsia triacanthos var. macrocarpos Michaux, Gleditsia triacanthos var. nana Henry, Gleditsia triacanthos var. polysperma Aiton, Gleditsia triacanthus Miller, Melilobus heterophyla Raf.
Data de atualização: 24/08/2023
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Como reconhecer
Árvore dióica de até 15 m, com ritidoma fendido longitudinalmente, tronco e ramos providos de espinhos robustos avermelhados, simples ou ramificados.
Folhas: caducas, com 10-40 cm, paripinuladas com folíolos numerosos, de 1-3 cm.
Flores: pequenas de aproximadamente 1 cm, verde-amareladas. Reunidas em cachos axilares unissexuais (menos vezes hermafroditas) com ±10 cm.
Frutos: vagens grandes com 25-45 x 2,5-5 cm, castanho-avermelhadas, que permanecem na árvore após a queda da folha. Sementes com 8-10 mm ø, castanhas e elipsoidais, rodeadas por uma polpa doce.
Floração: março a junho
Espécies semelhantes
Robinia pseudoacacia é diferente, mas pode por vezes ser confundida por também ter espinhos. No entanto, R. pseudoacacia tem folíolos maiores, vagens muito menores (no máximo chegam a 12 cm), flores brancas grandes, mais vistosas, e os espinhos surgem sempre aos pares na base das folhas (são estípulas) e não são ramificados.
Características que facilitam a invasão
Produz sementes de forma abundante com dispersão autocórica e endozoocoria. Tem um crescimento rápido e regenera vigorosamente quando cortada.
É altamente adaptável a diferentes ambientes, beneficia do cultivo, tolera os incêndios, as atmosferas contaminadas das grandes cidades e está adaptada a sobreviver tanto em condições de seca, como de geada.
Área de distribuição nativa
Centro e Este da América do Norte.
Distribuição em Portugal
Portugal Continental (Minho, Douro Litoral, Beira Litoral, Ribatejo, Alto Alentejo). Tem sido muito plantada por todo o país e começou a dispersar as sementes e/ou regenerar vegetativamente a partir das árvores inicialmente plantadas.
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Gleditsia triacanthos
Outros locais onde a espécie é invasora
invasora em algumas regiões da África do Sul, América do Sul, Austrália, e EUA.
Razão da introdução
Em Portugal foi principalmente usada como espécie ornamental. Mas pode também ser usada para fazer quebra-ventos, sebes espinhosas e intransponíveis, e em sistemas agrossilvopastoris como forragem para o gado (as vagens ainda imaturas contêm uma substância adocicada). A madeira é usada para fazer paletes, para a construção, para postes de vedação e como lenha.
Ambientes preferenciais de invasão
Na sua região de origem cresce tipicamente em solos húmidos, em ambientes ripícolas e em zonas ruderalizadas. Tem vindo a surgir naturalizada principalmente em valetas de estradas, zonas ripícolas e parque urbanos onde foi inicialmente plantada.
Impactes nos ecossistemas
Devido a uma rápida dispersão e crescimento desta invasora, a estrutura original dos ecossistemas ripícolas vê-se alterada, já que ocorre uma competição com as espécies autóctones.
Impactes económicos
Ainda que seja invasora em vários países, não foram ainda quantificados danos económicos devido à sua proliferação.
Outros impactes
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O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de controlo usadas em Gleditsia triacantho incluem:
Controlo físico
Arranque: as plântulas devem ser arrancadas, visto o seu rápido crescimento e rápida produção de sementes.
Descasque: trata-se de uma técnica de controlo usada em exemplares adultos de espécies lenhosas que tem capacidade de rebentamento e consiste em fazer uma incisão em anel, contínuo, à volta do tronco, à altura que for mais confortável para o aplicador e remover toda a casca e câmbio vascular até à superfície do solo, se possível até à raiz. Deve realizar-se apenas quando o câmbio vascular estiver ativo o que pode variar de local para local. As melhores épocas para realização coincidem com temperaturas amenas e com alguma humidade.
Métodos mecânicos: uso de maquinaria pesada em indivíduos adultos que permitam fazer o arranque árvore a árvore. O corte simples não é eficaz já que regenera vegetativamente de forma vigorosa.
Controlo químico + físico
Para os exemplares adultos, o mais eficiente, é o corte raso e posterior tratamento das touças com herbicida, caso contrário ao fim de algum tempo regenera vegetativamente. Deve cortar-se o tronco tão rente ao solo quanto possível e fazer a aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) de herbicida na touça.
Controlo biológico
Noutros países, foram propostos três insetos como agentes de controlo biológico, Monarthrum mali, Macropsis fumipennis e Micrutalus calva.
Em Portugal ainda não há agentes de controlo biológico disponíveis para esta espécie.
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.
CABI (2012) Gleditsia triacanthos. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: https://www.cabidigitallibrary.org/doi/10.1079/cabicompendium.25272 [Consultado 19/03/2020].
Marchante H, Morais M, Freitas H, Marchante E (2014) Guia prático para a identificação de Plantas Invasoras em Portugal. Coimbra. Imprensa da Universidade de Coimbra. 60 pp.
Sanz-Elorza M, Sánchez EDD, Vesperina ES (2004) Atlas de las plantas alóctonas invasoras en España. Dirección General para la Biodiversidade, Madrid, 180 pp.