Trepadeira perene, com flores azuladas grandes e afuniladas.
Nome científico: Ipomoea indica (Burm.) Merr.
Nome vulgar: bons-dias
Família: Convolvulaceae
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).
Nível de risco: 30 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.
Sinonímia: Pharbitis cathartica (Poiret) Choisy, Ipomoea catartica Poir., Ipomoea congesta R. Br., Ipomoea indica (Burm. f.) Merr. var. acuminata (Vahl) Fosberg, Ipomoea mutabilis Lindl., Ipomoea learii Paxton, Ipomoea acuminata (Vahl) Roemer & Schultes, Convolvulus acuminatus Vahl
Data de atualização: 28/08/2020
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Como reconhecer
Trepadeira perene de até 15 m.
Folhas: inteiras a tripartidas, acuminadas, largamente ovadas a cordiformes, com 9-18 cm.
Flores: afuniladas, grandes, com 6-8,5 cm, muito vistosas, frequentemente azuis mas por vezes brancas, rosadas ou multicolores, geralmente tornando-se rosadas ao murchar.
Frutos: cápsula com 10-13 mm de diâmetro, com 4-6 sementes no interior.
Floração: junho a novembro.
Espécies semelhantes
Ipomoea purpurea (L.) Roth tem alguma semelhança, mas é uma erva anual e as folhas são todas inteiras. Observando-se apenas a flor pode confundir-se grosseiramente com uma petúnia-roxa (Petunia integrifolia (Hook) Schinz & Thell), mas o porte e as folhas desta última são muito menores.
Características de invasão
Reproduz-se vegetativamente através de fragmentos dos caules que enraízam facilmente. Os caules rebentam vigorosamente quando cortados.
Também se reproduz por via seminal, mas é pouco frequente.
Área de distribuição nativa
Zona tropical da América do Sul, Ásia e Havai.
Distribuição em Portugal
Portugal continental (Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, Douro Litoral, Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo, Baixo Alentejo, Algarve), arquipélago dos Açores (todas as ilhas), arquipélago da Madeira (ilha da Madeira).
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Ipomoea indica
Outros locais onde a espécie é invasora
África do Sul, América do Norte (EUA), Austrália, Nova Zelândia, algumas ilhas do Pacífico e outros países da Bacia Mediterrânica.
Razão da introdução
Para fins ornamentais.
Ambientes preferenciais de invasão
Habitats perturbados (sebes, pedreiras, construções abandonadas, etc.), taludes onde foi plantada e sobre árvores ou outra vegetação. Em habitats naturais surge principalmente junto a linhas de água onde é uma ameaça para a vegetação ripícola.
Impactes nos ecossistemas
Forma tapetes impenetráveis que cobrem árvores, arbustos e outras espécies provocando a sua morte, e impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa.
Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes
– Florestas-galerias de salgueiro-branco (Salix alba) e choupo-branco (Populus alba) (92A0).
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de controlo usadas em Ipomoea indica incluem:
Controlo físico
Arranque manual (metodologia preferencial). Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Deve garantir-se que não ficam fragmentos no solo, os quais enraízam facilmente originando novos focos de invasão. O material arrancado deve ser retirado do local para posterior destruição.
Controlo químico
Aplicação foliar de herbicida: aplica-se em áreas extensas invadidas pela espécie. Pulverizar com herbicida (princípio ativo: glifosato) limitando a sua aplicação à espécie-alvo.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Controlo físico + químico
Corte combinado com aplicação de herbicida. Corte dos caules tão rente ao solo quanto possível e aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) de herbicida (princípio ativo: glifosato) na zona de corte. Alguns autores referem que os rebentos são mais sensíveis ao herbicida pelo que, alternativamente, a aplicação de herbicida pode ser realizada quando os rebentos atingirem 60 cm altura.
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta destas metodologias.
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Pheloung PC, Williams PA, Halloy SR (1999) A weed risk assessment model for use as a biosecurity tool evaluating plant introductions. Journal of Environmental Management. 57: 239-251.
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